O que é lenda e o que é realidade? Não é porque não se acredita em algo, que aquilo não exista, principalmente se fizer parte do além!"
Sempre que ouço falar em fenômenos sobrenaturais, é inevitável não me lembrar do dia em que me deparei com uma lenda aqui na cidade onde moro.
Talvez eu até possa considerar isso como um privilégio, mas confesso que, me deparar com o CORPO SECO não foi muito agradável.
Foi num sábado, na verdade o primeiro sábado da quaresma. Na cidade onde moro existe uma mata chamada “Mata da Câmara”, um excelente lugar para fazer trilhas a pé, explorar a natureza, ainda que hoje em dia esse lugar tenha sido aparentemente abandonado pelas autoridades locais.
Neste sábado fomos em três pessoas, um amigo, meu pai e eu. Estávamos procurando espécies de orquídeas, mais precisamente aquelas amarelinhas que crescem nos troncos das árvores também conhecidas como “Parasitas”.
Eram quase 11:00 hs. O sol estava forte, mas dentro da mata a impressão é que eram umas 18:00 hs. A névoa que se abrigava nos lugares mais remotos era tão densa que a visibilidade era quase zero, por isso resolvemos não sair da trilha.
Havíamos caminhado já por meia hora, e nada de achar as “Parasitas”, decidimos ir embora e tomar um sorvete pois o calor era intenso. Porém, totalmente contraditório com o calor que fazia, era a neblina que se tornava cada vez mais intensa.
Quando percebi, não tinha mais a visão do meu amigo, nem do meu pai a minha frente!
Chamei por eles, mas não me responderam. Achei que estavam de brincadeira e continuei caminhando.
Comecei a sentir um cheiro muito forte de carniça, parecia que tinha um boi morto bem na minha frente, chegava a ser insuportável.
De repente um barulho sobre as árvores me fez perceber de que havia “algo a mais” naquele lugar. Parecia haver alguma criatura saltando de árvore em árvore. Eu somente conseguia ver o vulto passando sobre minha cabeça de um lado para o outro. Decidi apertar o passo e nem sinal do meu pai e de meu amigo.
Aquele cheiro de carne podre já estava me dando enjôo, foi quando ouvi como se alguém pulasse sobre as folhas secas no chão atrás de mim. Senti um arrepio agudo subir pela minha espinha até atrás dos ouvidos. Num súbito momento de coragem me virei para trás e pude ver a uns 5 metros de mim uma figura humanóide com mais ou menos 2 metros de altura, andava meio curvado em minha direção a passos lentos.
A face era desfigurada e, assim como todo seu corpo, extremamente magra.
O odor insuportável era ele quem exalava. Seus olhos não possuíam vida alguma mas continham uma maldade assustadora.
Fiquei meio que paralisado por uns 5 segundos que mais pareceram 5 horas.
Foi quando meu pai me chamou bem atrás de mim, olhei para trás e pude ver meu pai e meu amigo correndo em minha direção. Quando me voltei para outro lado, a criatura lentamente estava desaparecendo em meio a densa neblina, caminhado lentamente.
Quando meu pai chegou até mim, ainda pode perceber também aquele cheiro horrível que eu senti, comprovando a mim mesmo que não se tratava de uma alucinação. Contei a ele e decidimos ir embora na mesma hora.
A lenda do corpo seco sempre correu de boca e boca nesta cidade, mas poucos realmente puderam presenciar sua aparição.
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